quinta-feira, 23 de julho de 2009

O Dia em que Fernando não foi o suficiente

Em meados de 1992, tive uma das maiores epifanias da minha mal vivida e diminuta vida:

- Mãe, vou mudar de nome. De hoje em diante quero me chamar Denver.

- Mas qual é o problema com Fernando, cria minha?

- Além de ser chamado de Felipe 12 entre 10 vezes pelo meus coleguinhas (não tinha aquilo que poderiam chamar de "personalidade marcante" no auge dos meus 7 anos), Fernando nunca foi um dinossauro.

- Olha, eu nunca vi nenhum dinossauro que se chamasse Denver...talvez só alguma stripper

- É porque você nunca assistiu Denver, o Último Dinossauro, sua retrógada ignorante.



E foi assim que eu tomei minha primeira surra de vara de araçá da minha vida.

E ele foi o meu primeiro grande ídolo. Muito trendy, usava o óculos do Kenye West há 16 anos atrás, sem precisar se atochar de distorções robóticas para parecer afinado.

Denver era um cara honesto, que procurava se divertir em cada uma de suas aventuras. Ele segurava, junto com a turma de adolescente, num bagulho azul e viajavam pra algum lugar bizarro, não lembro direito se era pelo tempo-espaço, dimensões paralelas ou qualquer coisa que o valha. O importante mesmo é que Denver foi o grande dinossauro que eu não pude ser.

Hoje, amadurecido, percebo que tentar simplificar minha personalidade em um único personagem seria insensato e reducionista. O certo seria explanar minha digníssima persona partindo dos GRANDES HERÓIS MAIS GENIAIS dos primeiros desenhos que eu lembro. Seriam eles:


Spike (Triceratops) - Extreme Dinossaurs - O especialista em artes marciais (aspiracional), armado com uma cabeça dura que conseguia abrir caminho pelas mais duras superfícies (realidade). Cuida de um jardim com muito apreço, que leva as pessoas a duvidarem de sua evidente masculinidade.



Raphael - Tartarugas Ninja — E o bad boy da galere. Um lutador de personalidade intensa (aspiracional). Pode alternar de decidido, sarcástico e espalhafatoso em menos de um nanossegundo (realidade). Perdeu o paladar quando foi desafiado por Casey Jones a comer uma pizza de wasabi (realidade).

Phantro - Thundercats - representando uma pantera negra na linhagem Thunderiana (ok, isso eu nunca quis). Panthro é o que possui a maior força física no grupo e é mestre em artes marcias, além de ser também especialista em mecânica e tecnologia avançada (aspiracional). Tem armas como os espigões que saem de uma espécie de suspensório que usa, e seu nunchaku, capaz de expelir gases de várias espécies e raios (realidade). Seu ponto fraco é o medo de morcegos. Cara, ele usa suspensórios e expele gases.



Modo - Biker Mice From Mars - O gigante gentil dos três ratos motoqueiros marcianos. Tem um braço robótico e um tapa-olho (tudo isso é aspiracional). Quando fica nervoso, seu único olho ficava vermelho e entrava numa onda de fúria insandecida, principalmente quando chamado de rato.



Então meu nome poderia ser simplesmente Denver, o tricerátops mutante alienígena motoqueiro de marte. Acho que isso definiria bem.

Mas a tentativa de mudar o nome realmente aconteceu. Já a personalidade continua de um pepino-do-mar.

3 comentários:

José [Zeh] Eduardo disse...

Você quer ser muitas coisas!

Astrofísico neo-nuclear e lutador de artes marciais, não só de uma, e motoqueiro.

Bom! Os melhores sonhos são aqueles que não se consegue atingir.

Eu me contentava em ser o Spike.

Mina Hugerth disse...

É pena que Denver não é um nome muito bonito. Mas acho que podemos nos acostumar.

Seria Dedé ou Dedê?

Will Prestes disse...

Denver, isso é mais comum do que imaginas. Em uma época da minha vida, quis me chamar Colargol.
A diferença é que minha mãe deixou, e por isso tenho discrepâncias em meus documentos de identidade hoje em dia.