segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Pros amigos, por Júlio Delmanto

E foi quando recebi no e-mail uma das melhores para lidar com 2009:


" Pensando num amigo que está com problemas com o mundo, comecei a escrever o que se tornou isso que tá aí embaixo. Mas aí me dei conta de que o texto era pra vocês também, amigos do peito. Estejam aqui em 2009, por obséquio.

É exatamente quando se precisa de atalhos que se percebe que não há atalhos. A insustentável leveza do perder. Mas é também ali, no meio do exato momento em que você se permite ser fraco, é que se é mais forte. Forte como quem chora de medo, como quem sabe que o guarda chuva não protege os pés da água nem o pescoço do vento. E não tem essa de a vida ensina, de a chuva purifica ou de deusprotegemenino. Quando consigo respirar fundo, pensar pra além do que o próprio pensar prefere pensar, me pergunto se é realmente tão foda viver uma vida que não ensina, tomar chuvas que não purifiquem ou não precisar de um Deus protegendo o menino que tá aqui, necessitando mais de um canivete do que de um agasalho.

Sinto tanto que o fim permeia todos os meios quanto que o começo começa só a partir do momento em que começa a terminar; então por que buscar atalhos? Por que abdicaria de sofrer? Em troca de quê? De améns e vidas eternas? De caretice e família? Privação e sofrimento: se for pra escolher, não é melhor se jogar naquele que pode ser até conseqüência mas pelo menos não é causa? Olho pros meus amigos (e é pra eles que quero olhar) e vejo angústia rodeada por um mundo angustiante. Vejo , em todos eles que também são eu, essa vida cachoeira, de solidão em grupo e medo meio adormecido meio disfarçado: por fora o bonito desconhecido,por dentro o barulho que gera silêncio. Nessas horas me pergunto também se não vale menos o grito do que o fechar de olhos, menos o debater-se no lugar do que o deslocamento imprevisível do se soltar à correnteza. Se solto então. E espero encontrar com aqueles que gosto lá embaixo. Quem tiver engolido menos água ajuda o outro. Se isso não é amar, do amor me interessa muito pouco. "