quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Faroeste do Western Farofento ou Os Melhores Bang Bangs do Mundo.

Não nasci na época das explorações das grandes veredas, nem tenho pretensão de entender mais sobre pistoleiros(as), saloons, alazões ou nomes de tribos indígenas do que aqueles que viveram os tempos áureos dos John Fords e Waynes da vida, mas sempre me interessei pelo Faroeste.

Talvez pelos solitários códigos de conduta auto-impostos, os descampados gerais ou, sei lá, pela dificuldade em acender uma fogueira e facilidade (mas não a falta de penitência moral) com que alguns atiram uns nos outros, a questão é que cowboys verdadeiros são fodas. Seja no Oeste estadunidense, no sertão nordestino ou nas pradarias mexicanas, esse é o anti-herói legitimamente americano.

Era Uma vez em 1992
E meus primeiros contatos com esse estilo tão classudo podem ser considerados..ahm...farofentos. O primeiro deles veio em um VHS dupla, com aquelas caixinhas reforçadas que intimidavam qualquer criança de até então 7 anos. Foi mais uma empreitada megalomaníaca do Kevin Costner – a primeira, na verdade – o Dança com Lobos. Não entendi direito qual era o problema com os Lobos, nem porque eles dançavam, mas deixei passar.

Era uma Vez em 1995
Bom, aí assisti muitos filmes das Tartarugas Ninjas e outras coisas que merecem outros posts até me deparar com a bomba Rápida e Mortal . Do diretor que já foi preferido Sam Raimi, tudo parecia montado demais, besta demais, loiro demais. Não agradou novamente, principalmente pelos surtos a lá A Balada do Pistoleiro com metralhadoras de rifles, o Russel Crowe sendo um padre baitola e a Sharon Stone com aquele bronzeado Hollywoodiano não tavam ornando com a terra rachada. Também não empolgou.



Era uma vez do ano 2000 em diante
A partir daqui a coisa fica boa. Sabe daqueles filmes que você sempre pega a caixinha na locadora, sabe que precisa ver por algum motivo, mas nunca levava porque era engolfado pela maldita e mais cara sessão de Lançamentos da locadora? Então, com Os Imperdoáveis era sempre isso. Em algum dia de iluminação celestial , peguei o maldito e foi um desbunde. É sensacional, cruel, humano, árido e delicado. Uma bela resenha você encontra aqui, no blog da Gabi, que falou e disse.

Aí me interessei de verdade e passei por clássicos absolutos necessários pra qualquer ser humano que se diga ser humano até coisas horrorosas feitas para TV. Assisti alguns poucos e bons clássicos, mas me empenhei em desvendar as novas concepções de Oeste.

Eis que me deparo com quem? Kevin Costner novamente, no subestimado Pacto de Justiça. Num filme mais discreto, ele e o eterno consiglieri Robert Duvall encarnam dois cowboys dignos, numa produção que usa bem os novos artifícios tecnológicos sem exageros e coloca cada qual no seu lugar. Vale a pena.

E, recentemente, assisti a primeira empreitada do Ed Harris como diretor: Appaloosa. Como o Aragorn é um cowboy por essência, nada melhor que colocar o Virgo Mortensen como tal. Todas as atitudes são coerentes , os personagens são centrados e nenhum deles é reinventado para acompanhar a história (obrigado, Mina), que deixe tudo ainda mais fluido e agradável. Um suspiro do gênero nos dias de hoje.

Pra ilustrar o post inteiro, vão aqui algumas indicações:

Clássico dos Clássico: Era uma vez no Oeste (1968)

John Wayne, o Eterno: Bravura Indômita (1969)

Farofa ointentista: Jovens Pistoleiros (1988)

Epopéias irmãs: Tombstone – (1993) e Wyatt Earp – (1994)

Investida latina histérica: 800 Balas – (2002)

Investida Australiana (!?): Ned Kelly – (2003)

Série: Deadwood – (2004)

Conceitual: A Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford – (2007) . Também falado aqui.

Saga contada por um gênio Tupiniquim: Deus e Diabo na Terra do Sol – (1964)

Saga contada por um gênio estadunidense: Sangue Negro ( There Will Be Blood) – (2007)

Made for TV horroroso, mas com um viés interessante. O primeiro Big Brother das diligências: E Estrelando Pancho Villa…(2003)

E finaliza com um video sobre buscas solitárias, mas que não precisam ser feitas sozinhas:

3 comentários:

Anônimo disse...

Vou desassinar o feed: você não falou de 3:10 to Yuma com o Crowe e Bale do ano passado. É simplesmente o filme mais foda de faroeste dos últimos 10 anos, pelo menos.

Mina Hugerth disse...

Ah como eu amo faroeste.
Andei investigando produções setentistas a serem assistidas.

E 3:10 to Yuma é o típico faroeste ruim, em que os personagens mudam radicalmente de caráter no último terço do filme e encaixam-se no perfil de bom samaritano para que seja uma all-american story com final feliz e lição de moral. Gosto de cowboys consistentes, impassíveis de compaixão do momento, porque já viram e viveram de tudo.

Mina Hugerth disse...

Mesmo sem postagem nova, eu gosto de voltar aqui pra ler estas incríveis legendas nas fotos. E o título não fica atrás!