quarta-feira, 4 de junho de 2008

Torpor, por Júlio Delmanto

Parece que faz 22 anos que tenho 22 anos, que faz dias que passou da hora de dormir e o sono não vem nesse frio que tá de fuder. E aqui, dentro do escuro de dentro, eu que sou o mendigo no chão duro e gelado, precisando de comida pra esquentar e de atenção pra saciar a fome. E se no dia-a-dia me alimento de palavras, de nada elas valem quando no noite-a-noite tudo que sinto, penso e ouço é apenas sinônimo do tudo que ouço, penso e sinto. Em uma palavra: náusea. Em duas: passado e futuro.


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