quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Lars Von Trier e Sam Raimi, um bom 2009


Um nunca se prendeu a gêneros. O outro sempre se gostou do popular, quando não tendia ao pastelão.


Aí eles fazem Anticristo e Arraste-me Para o Inferno e provam que o Terror não é um gênero, é um estado de espírito.



O Lars, dinamarquês incômodo e intelectual. Mesmo na depressão profunda, fez um dos grandes filmes desse ano. Fortemente referencial, intelectual e visceral, incomoda muita gente.

De pais auto declarados comunistas e nudistas, que "não davam muito espaço para sentimentos, religião e prazeres, e se recusavam a determinar qualquer regra para seus filhos". Formou-se como cineasta (se é que isso é possível) pelo Danish Film School.


Em 1995, a mãe dele revelou em seu leito de morte que seu pai verdadeiro era um antigo empregado descendente de uma linhagem de Músicos Católicos Clássicos, e que fez isso para colocar em seu rebento alguns genes artísticos.



Ele tem um milhão de tipos de fobias e parece ter um certo prazer declarado em fazer com que quem assiste seus filmes tenha medo, aflição ou algo realmente incômodo. Que colocou em seu versículo 8, do Manifesto Dogma 95 - "Filmes de gênero não são aceitos".


Uma atípica persona, mas um típico artista.


Aí tem o Sam Raimi, que baseou seus primeiros filmes nesse gênero e volta as origens, com a mesma vontade de antes, mas agora com grana e experiência necessárias. Fã inveterado dos Três Patetas, era filho de uma vendedora de langeries com um vendedor de móveis, largou a faculdade de Inglês para se dedicar a Evil Dead, seu primeiro filme.



Depois fez algumas relíquias , foi produtor executivo daquelas séries sen-sa-cio-nais Hércules e da simbólica Xena, fez uma ponta como ator no primeiro filme dos Flintstones (!?!?!?!), tem uma relíquia perdida de 1985 que o roteiro é assinado pelos irmãos Coen (Crimewave) e fez todos - e nem sempre bons - filmes do Homem-Aranha.


E aí imagine, pra qualquer um dos dois: agora vocês já são gente grande, com seus 50 anos, já fizeram filmes vistos no mundo inteiro, tem um séquito de admiradores e tem total liberdade criativa para fazerem um filme.


E qual é a conclusão? 2009 é um puta ano, não só pro gênero, mas pro cinema. Cabeçudo ou canastrão, todos ganharam.


O legal do dito "cinema de gênero" é exatamente isso: não ter o menor padrão, a não ser pra enquadrar no seu guia preferido e espantar pessoas como a minha mais retardadas que numa terça tem vontade de assistir "uma boa comédia romântica". Nada contra o gênero, mesmo por que Superbad É uma comédia romântica....mais ou menos.


É como aqueles filmes fantásticos que são sem gênero: tipo Dolls, do Takeshi Kitano. Ou aqueles que tem todos, como O Hospedeiro, do Joo-ho Bong.


E depois de explorado o Ocidente, o negócio é partir pro terror oriental. Tipo assim:



E a gente se vê no Inferno.

Um comentário:

gabriela lancellotti disse...

é. arraste-me para o inferno é absoluto.