quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Na Natureza Selvagem

Esse filme me perseguiu durante o bom tempo que ficou em cartaz . Primeiro por ser do Sean Penn, que dirigiu o sensacional e subestimado A Promessa. Segundo pela trilha feita pelo Eddie Vedder. Terceiro por ter sido lançado quase que no mesmo tempo que eu havia acabado de assistir O Homem-Urso ( documentário do Werner Herzog) e ainda estava bem impressionado com toda aquela coisa de natureza, homem, selvagem, mato e tal.


Depois de assistir, acabei relevando os dois primeiros itens (Sean Penn e Eddie Vedder) e ignorei veementemente a terceira comparação (com "O Homem-Urso"). Apesar que muito pontuado pela trilha sonora e por alguns exercícios do diretor (alguns realmente sem o menor sentido), o grande trunfo é realmente o retrato e a história de Alexander Supertramp, e a inevitabilidade de sua história ser contada por alguém.

Deveria ser admirado pela coragem, pelo ódio que nutre pelos pais (que representam tudo que é ou pode ser maior que ele) e pela humildade de transgredir tudo isso, quando perceber que a tal "verdade" tão buscada não passa de uma projeção de uma consciência mimada e que a felicidade só é genuína quando compartilhada.


É o enaltecimento de um herói deslocado com uma incrível capacidade de abstração. A sua história permite que terceiros façam o que quiserem de seu mito, colocando-o no pedestal que bem entenderem. Poderia ser um filme panfletário sobre o romantismo ingênuo, sobre neo-hippies, sobre decadência da sociedade e tantas outras coisas que a história permeia, mas não chega a explorar. Apesar do retrato caricato da família (pais centralizador e frio, mãe omissa e crianças traumatizadas), é difícil de perceber o que existe além do óbvio da relações de todos eles, incluindo o velho que quer adotá-lo, a nova mãe hippie, a menina que é o espelho da irmã e todo mundo.


Talvez o que sobre mesmo seja contemplação e ter a serenidade de discernir que isso tudo não é uma disputa.



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