quarta-feira, 25 de março de 2009

Só um festival

Relato sobre o Just a Fest, que rolou aqui em São Paulo. O evento em si foi razoável, mas os shows foram insanos. O caos do estacionamento e o trânsito foram atrapalharam, mas nem assim conseguiram arranhar a entidade que desceu por ali.

Loser Manos

Os caras conseguem ser perdedores e manos ao mesmo tempo. Poucas bandas conseguiram esse feito, (talvez só o próprio Radiohead) levando impressões hiper pessoais pro universo inteiro. Carregam suas representativas multidões de grupies, pastores e até uma parcela de gente legal que só gosta de música boa.

O show foi barulhento, não consegui escutar metade porque tinha uma menina completamente histérica fazendo questão de mostrar o quanto sabia as letras mesmo sem ter a menor noção de afinação. Mas aí a solução: colocar a capa de chuva, isolar sons advindos dos fundos e pimba! Baita show. Não sei se foi o maior que eles já fizeram, mas foi parecido com muitos outros, verdadeiro e um pouco distante, diante da postura do Amarante, que parece estar sempre tirando sarro da platéia. Tipo um John Lennon tupiniquim, guardadas suas devidas proporções (prestem atenção no guardadas as devidas proporções, peloamordedeus).

Nada de novo, imperdível pra quem nunca tinha visto.

Kraftwerk

Como disseram muitos, histórico. Como disseram muitos outros, monótono. Que os caras são uns fodões fudidos da fudelança musical, ninguém tem dúvida, tanto que o pouco de música eletrônica que eu conheço parece diretamente chupado deles.

Daft Punk, Justice, Digitalism, sempre a parte mais legal da música de cada um deles tem cheiro pesado de Kraftwerk. E isso só pelo que eu pude escutar no show, não conhecia quase nada desses mitos.


A sincronia das imagens com cada batida, cada robozinho, cada frase, era tudo parte de uma coisa só, que não parecia possível existir se fosse separada. Quem conseguiu ver o show de frente de palco deve ter sido engolido por tudo aquilo.

Radiohead

Catártico e intenso, nunca vi tamanha devoção de uma platéia para uma banda. A coisa era menos histérica que os fanzotes de Loser, mas era mais visceral.

Das profundezas de todos os integrantes da banda e da emoção de grande parte das pessoas, surgiu um vórtex complicado de se explicar, mas inescapável pra quem estava ali. Foi algo como a explosão da torcida do Corinthians com a sutileza de quem escreve uma carta muito verdadeira pra si próprio.

Vários lacrimejaram e choraram. Não dava pra sequer pensar em criticar quem estava. Foi muito bonito, uníssono e verdadeiro.

Quem ficar com preguiça de procurar mais coisas sobre o show, acessa aqui o Flickr do Michell Zappa e veja em 1,5 minutos de uma bela compilação.

Resumindo: histórico, direto e inesquecível.

Um comentário:

Mina Hugerth disse...

Faço minhas as suas palavras.
Não só por concordar com efetivamente tudo, mas porque não consegui escrever nada de eloquente por conta própria.

Muchas gracias.