Eu não tenho nem nunca terei a categoria necessária, seja moral, ética ou literal, pra sequer citar a exuberante Vila Mariana em algum devaneio meu. Berço da banda Ira!, da gastronomia phyna dos carrinhos de yakissoba ou milho e de excelentes Escolas Superiores de Mentirinha, a Vila está no DNA dos paulistanos.
Para homenagear ao bairro que me trouxe tantas alegrias universitárias, picardias juvenis e revelações de jovem adulto, vou discorrer algumas palavras sobre o que eu agora chamo de Mon Adorable Quartier. Mas, para surpresa de todos os Guias da Vila, o assunto principal será a explosão biológica que existe por aqui.
O quão vasta e é flora e o quão retumbante é a fauna desse majestoso antro de alegria? Desde que vi o Instituto Biológico, me fiz essa pergunta. Já que o Instituto, de construção tão singular e presença gargantuesca, foi erguido nos dentro do bairro, deduzi ingenuamente que a presença biológica seria avassaladora. Seriam manadas de Gnus em simbiose ao Terminal Ana Rosa, pequenas famílias de Lêmures brincando nas faixas de pedestres da Rua Vergueiro ou Tuiuiús dormindo em minha varanda. Ingenuidade pura.
Nem precisei entrar no Google Safari (ferramenta que dá a localização exata de cade animal no mundo, onde o AdSense funciona por abate), percebi que, tirando os humanos e o coco de seus cães (os cães em si são mais humanos que seus donos, no sentido bonzinho da palavra), não havia muita agitação selvagem na considerada a Vahalla Paulistana.
Hoje, ao chegar em minha tenda, percebi que estava cego. A vida pulsava nos detalhes, nos batentes e nas pequenices que passam desapercebidas por grandes búfalos como eu. Lá estavam as Pequerruchas.
Confesso que a primeira vista achei que eram temíveis tesourinhas, aqueles bichinhos marrentos que não tem nem veneno (ou suíngue) pra ser Lacraia, muito menos tranqüilidade para se assumirem diplópodes Piolhos de Cobra de Jah, os mais sussa dos miriápodes.
As Pequerruchas eram traças. Adultas, bem fornidas e alimentadas por toda a espécie de gibis e livros. Claro que é um prazer fornecer sustância para tão nobre classe de animal. Isso sem falar nas delicadas traças adolescentes, que se envolvem num fino véu de pó para proteger sua delicada cútis dos raios UVA/UVB.
Fico feliz que estivesse enganado pela Fauna da Vila, que apenas depois de quase 3 anos mostrou-se bela e presente.
Denúncia! Encontrei no blog Ricardo 5150, um texto extremamente maldoso no que diz respeito às traças: “Não permita que qualquer traça continue a decorar sua parede, dependurada em solene tranqüilidade triunfante diante do seu imobilismo.” Praticamente um literato do Apocalipse, pregando o mal onde passa.
Feliz é minha irmã, que foi pra Londrina virar veterinária.
Abraços
Plínio "O Velho" Spuri, o greco-carapicuibano
Um comentário:
Pheeno seu texto, Pli.
Gostei muito. Pena não ter mencionado as raposas da Rio Grande, ou os flamingos da Jopaquim Távora.
Isso sem esquecer do mítico gigante couve-flor da França Pinto.
bjomeliga.
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